Saiba como foi o I Encontro de Enfrentamento à Violência Policial
No último sábado (26), ocorreu o I Encontro de Enfrentamento à Violência Policial do Paraná, proporcionando um espaço intenso de debate sobre a crescente brutalidade policial em nosso estado. Também foi um momento de resgate da memória de vítimas da violência policial, com depoimentos fortes de familiares que contaram as histórias de seus filhos e de sua trajetória na busca por justiça.
A grande repercussão do evento e as diferentes respostas que se seguiram a ele dão a dimensão da urgência dessa discussão e de como as forças de segurança e seus defensores se incomodam muito com críticas e oposições da sociedade a suas práticas violentas. Mentiras e desinformações em relação a organização do Encontro foram amplamente divulgadas, com intuito de descredibilizar o debate e de ocultar a atuação de um movimento social e das famílias de vítimas da violência do Estado contra a barbárie institucionalizada. Em nenhum momento nós, organizadores, fomos procurados para falar sobre o evento.
A verdade é que o Encontro envolveu apresentações artísticas de resistência, vídeos com depoimentos de mães, debates e troca de ideias que buscaram aprofundar a discussão atual sobre segurança pública - e isso os apavora. Em uma das mesas, abordamos os dados alarmantes da violência policial, evidenciando seu aumento no Paraná em 2022, quando as forças policiais ceifaram a vida de 488 pessoas. Isso representa um aumento de mais de 17% em relação ao ano anterior e 27% em relação a 2020, sem falar nos casos subnotificados.
Em outro painel, debatemos como a instituição policial no Brasil historicamente perpetua violências sistemáticas contra povos originários, negros e pobres. Isso acontece desde sua origem, frequentemente justificada legalmente, como ocorre atualmente na chamada "guerra às drogas". Não por acaso, no Paraná, 54% das vítimas eram negras, enquanto essa população representa apenas 34% do total estadual, destacando a natureza racista dessas ações.
Na mesa final, familiares de vítimas compartilharam relatos dolorosos sobre o brutal assassinato de seus filhos pela polícia, ressaltando a necessidade e a importância da luta na busca por justiça.
Esses movimentos de familiares têm uma história longa e são disseminados por todo o Brasil, desencadeando mobilizações e denúncias que contribuem para desvendar as ações fraudulentas perpetradas pelas forças policiais. É imperativo respeitar esses movimentos, assim como a angústia e o luto das famílias vitimadas pelo Estado.
Setores da imprensa e da política institucional são agentes do aprofundamento dessa dor e dessa violência quando acusam, sem qualquer prova, as pessoas assassinadas pela polícia de serem criminosas. Além disso, ao buscarem criminalizar movimentos de resistência, esquecem-se que é seu discurso cotidiano que aplaude assassinatos e violações de Direitos Humanos, o que é inconstitucional, pois incentiva a pena de morte e defende a atuação das polícias como juízes e carrascos.
Para nós, a discussão sobre segurança pública não passa pelo aumento da força e ostensividade policial, estratégia que há anos demonstra ser falha na redução da criminalidade. Pelo contrário. Ao invés de investir em mais polícia e mais violência, é crucial concentrar esforços na garantia de direitos fundamentais, como saúde, moradia, alimentação e educação para todos. O debate sobre segurança pública é um tema sério e essencial para pavimentar o caminho rumo a uma outra sociedade, verdadeiramente justa.
Agradecemos a todas e todos que estiveram presentes, familiares, artistas, convidados, militantes, ativistas e interessados em debater de forma séria um tema tão importante.
PELO FIM DA BRUTALIDADE POLICIAL!
TODA A SOLIDARIEDADE AS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA DO ESTADO!
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