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Policiais podem sair impunes em caso nítido de execução de jovens


A Justiça do estado do Paraná tem buscado ocultar e arquivar o assassinato de Elias Felipe e Mateus da Silva, realizado por quatro policiais militares no dia 04 de julho de 2022, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba.

Depois da denúncia realizada pelo Ministério Público, a juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler determinou pelo sigilo do caso e, na sequência, o seu arquivamento, alegando legítima defesa da PM. Imagens de câmeras das ruas, no entanto, mostram nitidamente o momento em que os policiais saem da viatura e realizam uma abordagem com 29 disparos de arma de fogo, sem nenhuma reação por partes dos jovens.

A própria denúncia aponta que tudo encontrado no local do crime era compatível apenas com as armas dos policiais e que “já em posse do escudo tático, um dos policiais realiza mais um disparo de arma de fogo, o que reforça sua intenção homicida”. NÃO HOUVE CONFRONTO.

A decisão lembra o caso dos jovens Gustavo, Felipe, Elias e Eduardo, assassinados pela polícia em 2019. Imagens também mostram que não houve troca de tiros, os jovens estavam dentro de um carro capotado - ainda assim, depois de anos de luta, a justiça determinou pela absolvição dos policiais envolvidos.

Casos como esses são recorrentes e demonstram como a justiça brasileira legitima a violência do Estado contra a população negra, pobre e periférica. Mesmo com denúncias, imagens, depoimentos de testemunhas, a palavra dos policiais tem mais valor e suas ações de brutalidade ficam totalmente impunes.

Os poderes judiciário, executivo e legislativo fazem parte da mesma estrutura que sustenta essas ações violentas, são coniventes quando fazem leis que protegem somente os policiais, quando se calam diante de tantas atrocidades, quando julgam a favor de uma legítima defesa que nunca existiu. Quando um policial aperta o gatilho nas ruas, todos eles são responsáveis.

Lutar contra a violência policial é também lutar contra esse sistema que permite que os nossos sejam assassinados cotidianamente nas ruas, sem chance de se defenderem, sem chance de contarem suas próprias histórias. A justiça de verdade é feita por nós! Pela memória dos que perdemos nessa barbárie, não nos calaremos!
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