A “Rede Nenhuma Vida a Menos – contra o genocídio do povo negro e periférico de Curitiba e Região” vem a publico se manifestar sobre o ato ocorrido ontem (01/06) na capital do estado, no qual estivemos presentes.
A Rede surgiu em meados do ano passado após o assassinato da memina Ágatha Félix pela polícia do Rio de Janeiro, tendo como objetivo, desde sua formação, a denúncia e o combate ao genocídio das populações vulneráveis da cidade, notadamente as populações negra e periférica, alvo histórico das políticas de segurança nacional e estadual.
Nesse sentido, estivemos publica e conhecidamente envolvidos em atos e manifestações em favor da vida e dos direitos do povo, contra toda e qualquer violência e abuso orquestrado por parte do Estado. Nosso mote sempre foi, e continuará sempre sendo, o apoio integral ao povo e seus direitos democraticamente garantidos. Por tudo isso, no momento em que tivemos conhecimento do ato que estava sendo organizado na cidade contra o racismo e o fascismo, nos colocamos prontamente para apoiar e fortalecer o movimento. Frisamos que o ato não fora iniciativa nossa, mas dada a concordância para com nossas pautas, oferecemos nosso apoio e solidariedade à manifestação, construindo-a juntamente das demais organizações políticas da cidade e indivíduos que concordam com a luta. O final da manifestação, no entanto, foi marcado por algum tumulto e forte presença policial, resultando em diversos abusos e irregularidades. Sete pessoas foram detidas arbitrariamente, seis permanecem e são acusadas injustamente de associação criminosa, desacato e dano qualificado. Além disso, diversas outras situações de abuso policial contra manifestantes foram registradas: uma pessoa foi detida com a acusação de possuir álcool 70 no carro, o que é inaceitável já que estamos em tempos de pandemia e o uso deste material e uma das principais recomendações dos órgãos oficiais de saúde; em outra abordagem a PM demonstrou mais uma vez sua transfobia ameaçando bater duas vezes mais em uma das manifestantes abordadas, poe esta ser uma mulher trans; um dos jovens detidos sofreu de crise alérgica e os funcionários da delegacia recusaram apoio todas as pessoas detidas foram impedidas de tomar água ou ir ao banheiro durante muitas horas, num desrespeito claro aos direitos humanos e garantias processuais.
Deixamos exposta nossa intenção de denunciar e o nosso repúdio, por meio desta nota, às ações da Polícia Militar do Paraná. Se tratam de jovens que sentiram a necessidade de sair às ruas protestar contra as tantas injustiças e violências direcionadas ao povo preto, e que acabaram servindo como bode expiatório para a Polícia Militar exercer sua "lição moral", ou seja, sua maneira de desincentivar que as pessoas exerçam seu direito de manifestação. Não concordamos com qualquer medida que vise a punição deste sujeitos,; mas nos colocamos pela defesa de seus direitos de manifestação, associação política e de livre expressão, constitucionalmente garantidos. Não concordamos com a criminalização dos movimentos sociais, quaisquer que sejam, nem concordamos com a logíca de perseguição moral de manifestantes. Exigimos liberdade para todas as pessoas detidas e o fim das acusações contra elas! Nos posicionamos contra a criminalização da luta por um basta à violência diária ao povo oprimido, violência esta que acontece sob o manto de instituições como a Polícia Militar, diária e veladamente. Reafirmamos e defendemos que Protestar Não é Crime!
Num país onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, não podemos justificar a criminalização de movimentos sociais quando o povo decide se rebelar. Enquanto os de cima choram vidraças quebradas, todos os dias mães, pais e irmãos choram o sangue derramado em suas casas com operações policiais criminosas. Ressaltamos, por fim, que a Rede Nenhuma Vida a Menos não assinou nota que tem sido divulgada pela organização do Ato Anti-Racista de Curitiba. Tal assinatura foi inserida sem o contato das pessoas que compõem a Rede e não compartilha do posicionamento.
LUTAR NÃO É CRIME!
VIDAS NEGRAS IMPORTAM!
LIBERDADE PARA PRESOS POLÍTICOS!
NENHUMA VIDA A MENOS!
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