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Brutalidade policial no Paraná

Atualizado: 9 de mai.


No ano de 2022, as forças policiais do Estado assassinaram 488 pessoas no Paraná, aumento de mais de 17% em relação ao ano anterior e de 27% em relação a 2020. Os dados alarmantes foram divulgados no início de março pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná.

Os números são assustadores e dão a dimensão do terrorismo que as polícias fazem no estado. Entre as vítimas, 247 eram pardas e 33 eram pretas – vale lembrar que, de acordo com o IBGE e com a pauta historicamente defendida pelos movimentos negros no Brasil, a população negra é formada por pessoas pretas e pardas. Aqui fica nítido o caráter racista e genocida do Estado brasileiro, que há séculos se utiliza de seus braços armados para o extermínio da população negra: enquanto pretos e pardos representam 34% da população geral do Paraná, são eles os que mais morrem nas mãos das polícias, 58% das vítimas.

FALSOS CONFRONTOS

Várias dessas execuções sumárias que acontecem diariamente nas periferias do estado são julgadas como sendo confrontos, já que a palavra de um policial é tida como a verdade e que, graças ao excludente de ilicitude, se ele diz que agiu em legítima defesa, o assassinato é justificado. O que acontece, porém, é que em muitos dos casos não há confronto algum, a vítima se encontra rendida, desarmada e com diversas testemunhas que podem confirmar.

Além disso, grandes setores da mídia e da política institucional atuam como legitimadores dessa violência, especialmente quando são vítimas que cometeram algum crime ou que já tinham passagem pelo sistema penal. Ou seja, as polícias agem como juízes, escolhendo aqueles que devem ter sua vida tirada por aqueles cujo lema é “servir e proteger”.
VERGONHA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Em sessão na Assembleia Legislativa do Paraná, no dia 7 de Março, o deputado estadual Renato Freitas apresentou os dados divulgados pelo Gaeco. As respostas de parlamentares exemplificam a posição do Estado brasileiro frente a essa realidade brutal.

O deputado Ricardo Arruda (PSC), por exemplo, destacou que “a maioria que morreu foram pessoas de cor parda, uma porcentagem de cor preta e outras de brancos. Isto não vem ao caso, a cor da pele, parem de se vitimizarem por cor da pele. A questão é andar dentro da lei ou fora da lei”.

Essa fala é, por muitas razões, racista. O parlamentar demonstrou que não tem nenhuma compreensão sobre a construção da sociedade brasileira – que é estruturada pelo racismo. É o racismo que organiza todas as relações sociais, econômicas, políticas e institucionais. Por isso todos os piores indicadores sociais recaem sobre a população negra, sendo a morte uma das consequências. Ricardo Arruda foi negacionista ao tratar dos dados apresentados, que deixam óbvio que as forças de segurança do Estado têm como alvo principal a população negra. Os parlamentares negam que mais da metade da população brasileira é descendente das mulheres e homens negros que foram retirados à força, sequestrados em África, para serem escravizados no Brasil.

FRENTE A ESSA POLÍTICA GENOCIDA, LUTA E ORGANIZAÇÃO:

Nós da Rede Nenhuma Vida a Menos acreditamos que a saída é nos organizarmos contra o racismo e brutalidade policial: realizar cotidianamente ações de denúncias e acompanhamento, fortalecer as redes de apoio e solidariedade entre amigos e familiares de vítimas do terrorismo de Estado e pautarmos a abolição das polícias, que perpetuam e executam uma política racista e genocida contra o povo pobre e trabalhador.
Justiça para os nossos é o fim dessa política de extermínio!

PELO FIM DAS POLÍCIAS E DAS PRISÕES!


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